Noite fria de inverno.
Boa para ficar em casa, debaixo das cobertas, tomando um chocolate quente... certo?
NÃO PARA NÓS POETAS!
POESIA + CALOR HUMANO = POLEM
em noite de frio com nossos queridos poetas, em ato heróico de resistência poética. Uma bela noite, por sinal, onde a Lua cheíssima nos observava lá do alto, como Pessoa nos conta nesse poema de Ricardo Reis, um dos vários recitados por todos os poetas:
Para ser grande, sê inteiro:
nada Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive
(Fernando Pessoa/Ricardo Reis)
( uma boa reflexão, né não?)
Alguns dos poemas recitados pelos poetas presentes, que nos alegraram a noite:
— O que eu vejo é o beco
(Manuel Bandeira)
podem ficar com a realidade
esse baixo astral
em que tudo entra pelo cano
eu quero viver de verdade
eu fico com o cinema americano
esse baixo astral
em que tudo entra pelo cano
eu quero viver de verdade
eu fico com o cinema americano
(Paulo Leminski)
Valsa fúnebre de Hermengarda
Eis-me junto à tua sepultura, Hermengarda,
para chorar a carne pobre e pura que nenhum de nós viu apodrecer.
Outros viriam lúcidos e enlutados,
porém eu venho bêbado, Hermengarda, eu venho bêbado.
E se amanhã encontrarem a cruz de tua cova jogada ao chão
não foi a noite, Hermengarda, nem foi o vento.
Fui eu.
Quis amparar a minha embriaguez à tua cruz
e rolei ao chão onde repousas
coberta de boninas, triste embora.
Eis-me junto à tua cova, Hermengarda,
para chorar o nosso amor de sempre.
Não é a noite, Hermengarda, nem é o vento.
Sou eu.
para chorar a carne pobre e pura que nenhum de nós viu apodrecer.
Outros viriam lúcidos e enlutados,
porém eu venho bêbado, Hermengarda, eu venho bêbado.
E se amanhã encontrarem a cruz de tua cova jogada ao chão
não foi a noite, Hermengarda, nem foi o vento.
Fui eu.
Quis amparar a minha embriaguez à tua cruz
e rolei ao chão onde repousas
coberta de boninas, triste embora.
Eis-me junto à tua cova, Hermengarda,
para chorar o nosso amor de sempre.
Não é a noite, Hermengarda, nem é o vento.
Sou eu.
(Ledo Ivo)
um pedaço de verso
uma rima de quilate
vem à tona: o submerso
a coragem do covarde
levantando toneladas
tirando peso das horas
encoraja as melindradas
idéias loucas põe pra fora
me relembra a ausência
me quer querer paciência
tentar viver o agora
não como pensam aí fora
recordo que fui só
e hoje apenas sei
que houve tempo a recuperar
todas as alegrias ainda p'ra sentir
abrir todos os caminhos de sonhar
para o sonhar dos sonhos vir
vem! vamos embora
o Futuro é agora
o amanhã não demora
vem, é hora!
E se o hoje é presente
pelomenos
não estejamos ausentes
Afinal:
o dia de hoje
não precisa ser imenso
basta ser INTENSO!
Mais uma vez, agradecemos a todos os poetas e amigos que não deixa a bola cair, e mantém a firmeza!
Um comentário:
Legal! Já era hora de vermos "Valsa Fúnebre de Hermengarda" aqui no nosso blog. E o segundo poema coletivo ficou muito bom também. Abraços.
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