sábado, 6 de setembro de 2008

Impressões dia 31/08/08

Como bem profetizou Marcelo Mourão, a homenagem a Cairo Trindade foi um domingo único, desses que deixam saudade na gente. O que dizer de uma noite em que escutamos poemas como Cantor do Amor, MerAtriz, Cais do Caos, Flash e Labirinto? Ou quando Enigma é interpretado de forma tão marcante pelo grupo Poema Gesto? Sem dúvida nenhuma, foi um domingo que merece ser intensamente celebrado.


(Cairo Trindade)


Por falar no Poema Gesto, o grupo mais uma vez deu um show, com os poemas Atitude , Beijo e Mensagem Final (Denizis Trindade); As mortes (Tanussi Cardoso), Motivo (Cecília Meireles) e trouxeram como novidade o poema Celebração (Cairo Trindade). Agradaram tanto, que o povo pediu bis. E, para quem ficou com água na boca, aí via o link da apresentação anterior deles:



(Poema Gesto)

Também não podemos esquecer de destacar a estréia do poeta Lupércio, do movimento poético de Niterói. Além de impressionar a todos com sua criatividade, teve uma performance bastante elogiada em seu poema sobre a dengue.

Ainda falando sobre estréias, Gaston Stefani, um dos talentosos pupilos da Oficina Literária Cairo Trindade, recitou, entre outros poemas, o premiado Abandonado. Raquel Gutierrez, cuja presença poética é uma constante em nosso sarau, finalmente nos deu a honra de sua presença física, dizendo, além de poemas próprios, versos de João Cabral de Mello Neto. E Marco Lyrio declamou poemas em castelhano e espanhol, além de divulgar seu espetáculo “Bossa que te quero nova”. Esperamos que voltem sempre!

Juçara Valverde e Ricardo Reis retornaram a nossa pelada poética e também aproveitaram para nos avisar do sarau “Poesia no aço do Arlequim”, que acontecerá dia 13 de setembro das 15h às 17h no Paço Imperial. E, em mais um dos momentos inesquecíveis da semana, Tiça Matta pela primeira vez recitou palavras de sua própria lavra.

Não podemos também deixar de agradecer a força dada por : Lirozinha, Maysa Britto e Fernão Monteiro, Fernando Sá, Mamma Giuly, Louis Alien, Marla Queiroz, Marcelo Nietzche, Pedro e Francisco Tornaghi.




(Alguns dos poetas presentes no último domingo)

A festa continuou no apartamento da mãe de Eduardo Tornaghi com direito a salgados, vinhos e, claro, muita poesia. Contamos neste encontro com Marcus Vinícius Quiroga, que lançou recentemente o livro “ O xadrez e as palavras”, que retoma os grandes temas do barroco com uma linguagem contemporânea. Dudu Pererê mostrou que consegue aliar boa poética a um pleno domínio da expressão corporal. E, para mim, um dos momentos de maior emoção da noite foi ouvir Espetáculo S.A. , de Cairo Trindade, na voz de Eduardo Tornaghi. A simbiose entre texto e intérprete foi tão grande que um parecia ter sido feito para o outro.




Obrigado a todos que nos acompanham! E até domingo, com homenagem ao Sarau Conecte!


Espetáculo S.A. (Cairo Trindade)

A maioria
Nasce pra figurante
Muitos fazem ponta, elenco de apoio,
Alguns conseguem qualquer destaque
Outros são eternos coadjuvantes

Poucos atingem
A fama e a glória
Ganham closes, papel principal
Focos de luz no proscênio
Os prêmios do festival

Assumo meu papel
Invento roteiro e texto
Visto a persona, dirijo a cena
E – vitória – me faço protagonista
Da minha melhor história.

Abandonado
- um olhar no meio da noite – (Gaston Stefani)

com um grito
de desalento
e nos braços da solidão
me atormento
a alma na escuridão

vítima do mundo
que não me acolheu
eu me afundo
no breu

respiro a fome
já não vejo saída
sou um fudido na vida

sem ter o que comer
sem ver o que fazer
mergulho na desgraça
do meu próprio ser

não vou mais chorar
minha exclusão
meu lar
é a sombra de uma ilusão.

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