domingo, 31 de agosto de 2008

Impressões dia 24/08/08

Mesmo sem poder contar com a eletricidade necessária para ligarmos a caixa de som, tivemos um grande domingo, onde todos deram o máximo de sua energia para compensar esta dificuldade. Primeiro, tivemos a estréia de Antono Gutman como produtor do nosso sarau, com sua radiante alegria. Diogo Vancin lançou o maravilhoso livro “Cosmovia”. Marcelo Girard fez sua estréia em nosso evento e, além de um dueto com Carla Gomes, do grupo de grupo de dança Jongo Banto, deliciou a todos com seu poema “Manuel Berra-Boi” e com a interpretação mais sarcástica que já vi de Gregório Mattos Guerra. Valentin Fernandes mais uma vez mostrou seu amor por Fernando Pessoa e Tina Pedroso. Dalberto Gomes, dos Ratos Di Versos, que já havia freqüentado o Leme anteriormente, finalmente prestigiou a nova fase do nosso sarau.

Não podemos esquecer dos nossos homenageados, os Drummond. Marcelo Mourão trouxe a biografia de Teresa, para mostrar a todos a importância do trabalho poético dela e do evento que ela coordena, o Poeta Saia da Gaveta. E Teresa nos conquistou de tal forma com seus versos e sua boa vibração, que algumas das pessoas que a encontraram pela primeira vez, como Marla Queiroz, fizeram questão de também prestar reverência a ela, lendo seus poemas. E, claro, não podiam faltar os versos de Carlos Drummond de Andrade, com destaque para as múltiplas interpretações que Eduardo Tornaghi faz de “No meio do caminho” (como, por exemplo, a versão do bêbado, do poeta e do minerador), e também algumas paródias, como o “Poema de sete dribles”, de minha autoria.

Surgiu também uma homenagem não programada a Paulo Leminsk, o aniversariante do dia, e foi formada uma roda onde lemos vários poemas dele. E, falando em roda, nosso “altinho de poemas curtos” mais uma vez fez enorme sucesso. Antonio Gutman, nossa fábrica de humor sintético, estava funcionando a todo vapor. Outra aniversariante do dia foi Vera Sarres, que ganhou um caloroso parabéns. Também estiveram presentes os poetas Lirozinha e Sidney, o Poeta d’Areia. E Pedro Tornaghi escreveu um poema protesto contra o carro de som de uma candidata que fazia concorrência a nossas vozes.

Vale lembrar que, além dos poetas, outras pessoas têm sido uma presença constante, como Francisco Tornaghi e Betina. E que continuamos tendo uma forte presença de crianças, que a cada domingo parecem mais elétricas. E a participação de novos poetas vem se tornando uma constante, o que a cada domingo trás uma luz nova para nosso sarau.

Para quem quiser saber mais sobre Teresa Drummond e seu trabalho no grupo Poeta Saia da Gaveta, seguem abaixo uns links interessantes:

Comunidade no orkut: http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=16155861
Blog: http://poetasaiadagaveta.blogspot.com/



SUICIDA (Teresa Drummond)

Escrever cartas de amor
é cuspir um crônico catarro
preso à garganta.
Todas as cartas de amor são ridículas...
retratam, de quem as escreve,
o próprio ridículo.

Escrevo cartas de amor
como se pulasse do décimo andar.
A paixão ludibria a alma
dissipando as certezas
e todo o senso ridículo.

Se o poeta é fingidor,
escrevo cartas de amo
rlambuzando de dor
cada palavra.
Não há medida para rimas de amor;
até as rimas de amor são ridículas.
Por isso não faço poesia:
deixo contido o amor
no ridículo das cartas...
morreria engasgada
se não me desse a chance
de ser suicida.

Pulo do décimo andar
no afã do vôo longínquo!...
Entre a janela e o chão
desprovida de toda a razão
hei de saber da resposta.

Como a árvore que não apressa sua seiva
e enfrenta tranqüila a tempestade,
paciente aguardo a brevidade do chão
como se diante de mim
houvesse eternidade.

Não há lucidez que aprisione o amor!...
Rompendo as grades do lúdico cárcere,
na estupidez do vôo insano,
escrevo cartas de amor
sem pára-quedas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Primeiramente, agradeço o carinho com que fui recebida no Polem. E aproveito para parabenizar vocês pela iniciativa de criar e manter mais um espaço aberto, livre, ar livre ventando palavras... Parabéns mesmo.
E um grande beijo.
Teresa Drummond