domingo, 24 de agosto de 2008

Impressõs dia 17/08/08

O último domingo foi um domingo de muitas estréias. Sidney, o “Poeta D’Areia”, mostrou grande desenvoltura, com poemas falando sobre o cantor Leandro, a Copa de 98 e Jô Soares. Leandro Stoco também jogou pela primeira vez nossa pelada, levando exemplares de seus dois livros. Ovídeo, um dos mestres do cordel contemporâneo, pôs o bom humor na jogada com seus versos matutos. Até um ambulante que estava no local nos deu o prazer de falar ao microfone. Outros que também apareceram pela primeira vez foram Márcia Regina e o jovem Felipe, que homenageou Newton Tornaghi. Por falar em homenagens, Sérgio Gerônimo, nosso homenageado, abriu sua apresentação com “Credo”, do convidado Mário Quintana e depois recitou poemas de diversos de seus livros. Além disso, Belabun foi distribuído ao público e Marcelo Mourão, aproveitou para tecer grandes elogios a este livro, que considera extremamente corajoso e inovador. Lirozinha, além de seus poemas sobre amor, incluindo o belíssimo “Sequestrador”, disse poemas sobre a maternidade. Tubarão fez uma homenagem a Zé do Caixão. E, quando o erotismo tomou conta da noite, ele recitou novamente seu poema sobre a Buceta. Além disso, ele lançou o zine “Maria Aparecida e o Pique Esconde”, que conta a história de uma prostituta. Outro que também lançou um zine foi Louis Alien, com o número 1 de seu “Intercâmbio”. E, para terminar, uma boa notícia: a partir de agora, Antonio Gutman está no permanentemente escalado em nossa pelada poética!


AQUI JAZZ (SIC) SÉRGIO GERÔNIMO
cujo esqueleto dança versos de cole porter
& paulinho da viola pensando ser poeta
não teve qualquer heterônimo
morreu esperando sair no globo repórter
& pasmem! esta foi sua grande faceta


relendo drummond
(no sexteto)

joão amava cláudio
que amava raimundo
que amava mário
que amava joaquim
que amava pedro
que não amava ninguém
joão foi para nova iorque
cláudio resolveu ser monge no nepal
raimundo comprou um sítio
mário ficou sem parceiro
pois joaquim suicidou-se
e pedro? casou-se com antônia dos anzóis pereira
promissora atriz de teve
que não tinha entrado na estória
e acabou morrendo de aga-i-ve

Belabun Residencial

morou em nilópolis, pavuna, méier
foi emergente
agora central do brasil requebra
funk atoladinha
baleabun que se preza
não é presa
não tem fio-dental
abriu as portas
não tem dono


Mulher (Márcia Regina de Araujo Duarte)

Cidadã mulher...
Mulher da cidade,
Do campo, da vida,
Castrada, sofrida.
Com força segue a corrida
Na luta pela certidão,
Papel que lhe permita
Ser gente, ser humana.

Ser mulher...
Mulher de esforço e conforto
Que no colo acalenta o amor
E no peito bate a mão
Em defesa do seu reino maior:
O filho, o amor, a condição.

Mulher cidadã...
Que na praça se reúne
Com outras irmãs
Em busca de ouvidos e olhos
Para lhes compreenderem na dor
Dos filhos levados, corrompidos, torturados.

Cidadã mulher...
Que na cama se deita
A cumprir o ofício maior
Ser mulher...
Sem gozo, com desejo
Seu afã é satisfazer o amor.
Puro preceito antepassado
Que lhe proíbe o júbilo formal
O direito de ser mulher.

Mulher da vida que carrega o desejo
Ou mulher do véu
Que tem seu desejo extirpado
A sangue frio por toda a vida.

Uma cidadã de corpo e alma
Com ou sem sexo
Simplesmente um humano angelical
Um cidadão que também é mulher
Seja no beco, no berço, ou na bênção
Simplesmente uma mulher.


Poesia classificada no I Prêmio Canon de Poesia em Antologia publicada pela Ed. Scortecci e Fábrica de Livros 08/2008

2 comentários:

Unknown disse...

Parabéns aos coordenadores e idealizadores do projeto Poesia no Leme. Estive hoje pela primeira vez participando e adorei. Nada mais poético que poesia à beira mar ao por do sol em uma das praias mais belas da nossa cidade maravilhosa. Que continuem assim. Estava acamada, mas resolvir dar uma passadinha para conhecer. Por certo não deixarei de retornar. E para quem é tímido, eu digo, dá pra participar na boa. Fui muito bem recebida, sendo eu desconhecida da área. Não é programa de talentos é apenas revelar o que há de bom em nós.
Márcia Regina de Araujo Duarte

José Henrique Calazans disse...

Muito obrigada pelo incentivo! Um comentário lindo desses sempre dá um ânimo novo pra gente!