sexta-feira, 27 de junho de 2008

Homenagens dia 29

Olá amigos!

No próximo domingo, 29 de junho, o poeta homenageado será Luiz Prôa e a poeta convidada será Cecília Meirelles. Abaixo, um pouco sobre a vida e a obra de cada um deles:

Luiz Fernando Prôa é carioca, bacharel em Ciências Contábeis, fotógrafo, vídeo-maker, terapeuta holístico, poeta e escritor. Está presente em várias antologias, jornais e sites de cultura. Participou com destaque em diversos concursos literários. Escreveu para três revistas de circulação nacional.Produtor e editor do site de cultura Alma de Poeta www.almadepoeta.com (desde 2000). Diretor do Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro (2001/2004). Tem dois livros de poesia editados: Alma de Poeta (1999), Retratos da Alma (2001) e outros três prontos para edição: Visões da Nova Era (crônica), Maria Helena, Aprendiz do Amor (romance) e De Braços Abertos (poesia).

Momento Mágico

agora é tanto
que tudo é pouco
para dizer o quanto


De braços abertos

esse par de braços
que estendo
abraça o mundo
enquanto é tempo
sei que cada momento
é tudo o que tenho
e o agora tudo que existe

de braços abertos
me entrego
e abraço os amigos
enquanto os vejo
no recanto seguro
do que amo e sinto
a alma, espaço sem limites

mesmo quando estou triste
e o pranto é tanto
e a dor é toda
não sei como nem quanto
guardo nos braços um abrigo
me curo, me dando

esse é meu gesto
exponho o peito sem medo
sem dúvida, inteiro
e a quem queira
me entrego


Cárcere

cada dia
que passa
a sentença
minha alma
condenada
ao poema



Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901, na Tijuca, Rio de Janeiro. O pai faleceu três meses antes do sue nascimento e a mãe quando tinha três anos de idade, sendo criada pela avó. Trabalhou a vida inteira como educadora, tendo lecionado Literatura Luso-Brasileira e Técnica e Crítica Literária na Universidade do Distrito Federal (atual UFRJ). e Literatura e Cultura Brasileira na Universidade do Texas (USA). além de trabalhar na Rádio Ministério da Educação. Casou-se duas vezes: em 1922, com o pintor português Fernando Correia Dias, com quem teve três filhas, e que cometeu suicídio em 1935; e, em 1940, com o professor e engenheiro agrônomo Heitor Vinícius da Silveira Grilo. Cecília Meireles morreu em 9 de novembro de 1964, no Rio de Janeiro, mesma cidade onde nasceu e viveu.

Cecília Meireles escreveu diversos livros de poesia, com destaque para “Espectro” (seu livro de estréia, em 1919), “Viagem” (que recebeu, em 1939, o Prêmio de Poesia Olavo Bilac, pela Academia Brasileira de Letras), “Romanceiro da Inconfidência” (uma das mais importantes obras de inspiração histórico-nacionalista em nossa poesia), “Isto ou Aquilo” (um dos livros mais apreciados e lidos da literatura infantil) e “Solombra” (que, em 1964, sagrou-se vencedor do Prêmio Jabuti de Poesia). Publicou também ensaios em Portugal, crônicas, uma biografia de Rui Barbosa para crianças e traduções, além de ter colaborado com inúmeros jornais e revistas.


Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.


Ou isto ou aquilo

Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo . . .
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.


Pássaro

Aquilo que ontem cantava
já não canta.
Morreu de uma flor na boca:
não do espinho na garganta.

Ele amava a água sem sede,
e, em verdade,
tendo asas, fitava o tempo,
livre de necessidade.

Não foi desejo ou imprudência:
não foi nada.
E o dia toca em silêncio
a desventura causada.

Se acaso isso é desventura:
ir-se a vida
sobre uma rosa tão bela,
por uma tênue ferida.

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