quarta-feira, 24 de junho de 2009

Impressões sobre o dia 17/06

Resenha POLEM 17/06/09

Na última quarta-feira, nosso homenageado foi Mano Melo que, além de poeta, é ator, roteirista e romancista. Escreveu, entre outros, os livros “Viagens e Amores de Scaramouche Araújo” (romance) e “O lavrador de Palavras” (poesia). Seu vídeo “Quem transou com a Madonna no Brasil?” há possui mais de 14 mil acessos no youtube. Seguem abaixo alguns dos seus poemas:


O VAMPIRO CIRO

O Vampiro Ciro é um vampiro muito pirado
Que é vapor lá na Favela do esqueleto
É também transador de vip-vap-o-rub
E tem uns papos assim meio pro sub
Que é como se sabe aqueles papos vampirescos
E tinha umas pessoas que entravam numa de horror
Com estes papos do Vampiro Ciro


E se cruzavam em Credo-Em-Cruz
E esta cruz tinha uma luz dentro que dava tiro
Ele atravessava toda tarde do morro pra cidade
Distribuindo sorvetes para as crianças de qualquer idade
Um sorvete na idéia fazendo a maior lambança
Se cuidando pra não sambar nessa dança de transar
Assobiava um cigarrinho na descida da favela
E vinha assombrando pelo esqueleto dela
Escola de Samba Fábrica de Anjos Favela
Rasgava os ossos dela tirava uma costela
E criava uma Maria Lata D'água na Cabeça
Mas alguns diziam que o Vampiro Ciro era um grilo
Que era um cara meio pro crocodilo
Que tava numa de mamar vaca sem mamilo
Que já estava com sangue de sorvete em pó
Transando
até merda de zebu com palha de milho
Cheirando um, quilo de pó com grilo de ficar só
Mas quando chega em casa e brinca com seu filho
O sangue de sorvete vai perdendo o pó
E o Vampiro Ciro
Vira Ciro só


UM PARNASIANO BILAC TEMPORÃO

Você é uma ânsia vermelha adoçada com mel de abelha
De uma doçura que chega a ser cruel
Me desperta sensações ancestrais de boleros e sambas-canção
Incorporado num parnasiano Bilac temporão

Tem gente que fala de amor como uma ameaça
Amor em pequenas dosagens com pesos e medidas

Existem coisas tuas que só para mim são nuas
Que ninguém mais acarinhou ou conhece
Uma parte de nós só pelo outro que será preenchido

Você me remoça
Me adoça
Me dá força

Me nasce outra vez ( mais uma)
E me chama de filho
Me chama de cavalo
Faz teu cabelo capim
Cavalga em mim
Me
alimenta de milho

Me dá tua língua
Vem ser minha égua
Beber minha água
Abrandar tua sede

Me chama de porta
E atravessa a parede


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