Tarde gloriosa
Sol sem muito calor, brisa, o mar, a pedra, pouca gente, alguma cachaça e muita poesia.
Geraldo Carneiro foi o mote principal.
Há tempos não visitava com cuidado esse poeta que tanto gosto. Levei seu livro mais recente - balada do impostor - puxei seus poemas e não deu outra. Foi um festival de Geraldinho. Brincamos `a bessa com suas sonoridades ( o amor é o tal total a tal totalidade tautológica), suas referências cruzadas de Homero com Camões e cia, e suas cantadas geniais.
Ps- Uma ótima novidade é que agora temos petiscos. A chef Denise Bittencourt apareceu com empanadas deliciosas e a promessa de voltar todo domingo com alguma especialidade.
Olha só que legal
O Tal Total
o amor é o tal total que move o mundo
a tal totalidade tautológica,
o como somos: nossos cromossomos
nos quais nunca se pertenceu ao nada:
só pertencemos ao tudo total
que nos absorve e sorve as nossas águas
e as nossas mágoas ficam revoando
como se voltadas ao princípio,
`aquele princípio originário
onde era Orfeu, onde era Prometeu,
e continua sempre lá
o cais, o never more, o nunca mais,
o tal do és pó e ao pó retornarás.
Não é bacana?
Gosto de ler o poeta que diz:
eu não tenho palavras, exceto duas
ou três que me acompanham desde sempre
desde que me desentendo por gente /...
Me espanto a cada vez com os novos significados e conotações que ele consegue extrair de suas obsessões. Ele repete sem vergonha os cais e os caos, sei lá Ceilão, nave ave Orfeu... E é sempre novo. É como se sua poesia contivesse links que expandem o significado do termo e a abrangência da imagem. Links para poemas seus e de Homero e de Camões (que ele remoça) e Bilac e Shakespeare e por aí vai até Caminha.
E com humor. O maior bom-humor.
O que você acha?
Um comentário:
Geraldo Carneiro é realmente muito bom. ótima escolha para o domingo. Abraços.
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